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Antecipe o mal que pode acontecer

É muito comum discutir a autorresponsabilidade sob a ótica de ter que bater no peito e assumir coisas que deram errado. Mas, na verdade, é mais do que isso. A autorresponsabilidade tem um papel fundamental na prevenção dos problemas.

No estoicismo, existe um pilar chamado de Premeditatio malorum, ou, literalmente, “premeditação dos males”. Está diretamente relacionado à nossa capacidade de antever o pior que poderia acontecer.

Evidente que o grande mérito não está somente na antevisão. A qualidade está exatamente em, após o diagnóstico sobre os possíveis males, agir no sentido de prevenir ou reduzir os impactos nocivos. O foco está em atuar de forma organizada e proativa, antecipando-se aos prováveis resultados negativos, gerando consequências benéficas.

Sêneca destaca que “o que é completamente inesperado é mais esmagador em seus efeitos e aumenta o peso de um desastre. Esta é uma razão para garantir que praticamente nada nos pegue de surpresa. Devemos projetar nossos pensamentos à frente e ter em mente todas as eventualidades possíveis, em vez de apenas seguir o curso usual dos eventos. Ensaie-os em sua mente: exílio, tortura, guerra, naufrágio. Todos os termos de nossa sorte humana devem estar diante de nossos olhos”.

Se antecipar aos possíveis males parece um exercício que demandará um dispêndio de energia grande. Podemos pensar: se já é difícil cuidar dos problemas depois que aparecem, imagine se antecipar a eles? Mas é exatamente o contrário. Quando agimos de forma preventiva ou proativa, nos desgastamos menos, porque lidamos com um problema ainda enfraquecido. A demanda de esforços mentais, emocionais ou físicos deve ser menor.

É claro que o exercício de antecipar o mal exigirá organização, gestão do tempo, uma análise mais ampla do contexto e o conhecimento mais apurado dos temas que envolvem aquela determinada situação. Este, talvez, seja um dos níveis mais altos do exercício da autorresponsabilidade. Além de encarar as dificuldades de frente, buscamos a antecipação. Assim, diminuímos as chances de fracasso e potencializamos as oportunidades de sucesso.